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dói tudo,
tudo,
mais ainda o que não sinto

sou uma folha numa resma de papel

Plástico. És feito de plástico.

A. Danko

…de momento está, mais ou menos, assim.

O impasse não contribui para um acréscimo de conhecimento.
Que beleza se cria, ou resiste, na ausência, na descontinuação,
da prática de conhecer?

Vou apanhar o próximo transporte para Lisboa. Talvez na margem do Tejo consiga ver melhor. O conhecimento também se vê.

Ficarei sentado, junto ao rio, no enfiamento de um mar profundo, com esta minha persistência em conhecer.

NGC 1333

T. Rector; H. Schweiker.

Um comprimido para dormir ou uma bebida para adormecer?
Opto pela segunda.
O Porto em Julho costuma ser quente. Por hora, perto da alvorada, está morno. Desagradavelmente morno. Hesitantemente incoerente. Frívolo ao olhar mais impreciso.
A cidade está vazia. Permanentemente vazia. Alguns a habitam. Poucos a vivem. Os serviços que oferece são iguais, idênticos, aos que são oferecidos pelas cidades adjacentes. Por isso os objectos são arrecadados, nesses, outros espaços. Idênticos na incoerência mas de hábitos facilmente mecanizáveis. Mecanizados. Nada de mal com caso. É apenas uma precária distinção entre os subúrbios e o núcleo.
Arrabaldes. Matrizes idênticas sem lugar, profundo, na história. Construções sociais, recentes, pouco penetradas. Penetráveis. Terrenos conquistados a um outro ecossistema. Transformados, numerados, em mais uma peça idêntica a tantas outras. Habitado por gentes diferentes, que se fazem acompanhar por objectos distintos. Após a simbiose os hábitos serão os da moda, os do gosto que se incentiva, inculca, que por vezes se cria, em cada lugar. Espaços fechados, alguns, hermeticamente fechados. Nichos de espécies, colectivos, que não amam a diversidade. Copiáveis. Copiados. Lugares onde o individuo é a melhor das obras. Parte do todo. Partes. Não o todo.
O núcleo é, deve ser, um laboratório de vanguarda urbana. Todos os espaços urbanos o deveriam ser. Só alguns o podem ambicionar.
A história transmite o saber que advêm de outras vivências. Burilam-se pormenores tendo por base o conhecimento. Potencia-se a construção de espaços arriscadamente melhores, diversos, conectados por experiências, internas ou externas ao lugar, que sucedem num mesmo espaço, que se diferenciam no tempo. No meu tempo. No teu tempo. No nosso tempo. No vosso tempo. No tempo deles.


Me voy.


Ali, no mais longínquo Portugal.

A Dark Sky Over Death Valley
http://apod.nasa.gov/apod/image/0705/deathvalleysky_nps_big.jpg
Dan Duriscoe



Havia-se perdido no seu olhar, no toque da sua mão contra o seu peito, no calor das suas palavras contra o seu rosto…

Sugestão:

1.º

2.º



Não tinha nem olhos nem boca, não tinha, aliás, nem cabeça, nem sombra.

Era a soma de tudo aquilo que sempre fora com aquilo que viria a ser.

b-sides e raridades

Clinic; Funf, 2007.







magic boots [mp3]

O céu esteve cheio de balões

Conhecer.

[Edgar Degas - Woman Combing Her Hair]

Todos os dias concretizava os seus sonhos, numa ilusão apenas vista por si.

Porque amanhã há sardinhas.

eu.
[...]*
em tempo algum. há ideias, polvilhadas com persistência, que se desejam intemporais.


* Simboliza o que se encontra ausente fora da mente mas presente no seu âmago.



Era impossível desiludir-se. Já não tinha expectativas.

Centaurus

Cidadão do mundo? Sempre. Vontade de conhecer? Sempre. Ânsia de estar perto da inteligência Humana? Sempre. A existência é volátil? Sempre. O volume estético é ficção? Sempre. […] Sempre.

09- 06- 2007

Lembrava-se do dia em que deixou de ver peixes.
Descobriu o ar.


A robustez das correntes puxava o seu corpo em todas as direcções. Todas gritavam o seu nome, mas nenhuma chamava por si. Todas indicavam um caminho divergente para o mesmo destino, que não procurava.
Deixou-se estar. Desceu mais um pouco.

Manifestação da semana

A beleza do destino revelada pela beleza do caminho.

Personificação

Dave Mcnair

Diversidade...

Sem espaço para grandes memórias, sentia tudo como se fosse a primeira vez que sentia; sentia tudo; sentia tudo em simultâneo.
Havia muito tempo que procurava para além de onde sabia existir; bem fundo, longe da tona da água. Nesse imenso turbilhão, perdeu os sentidos em certa ocasião. Julga terem-se passado semanas, senão meses ou anos, até que cessou a agitação e, pela primeira vez respirou.

Passo após passo, seguia na areia as pegadas que ainda não deixara.
Deixava, finalmente, de ser, mas, nas costas, petrificados, levava consigo os salpicos do mar.

The National, Boxer, 2007.

Andava a tentar convencer-me de que já não se criavam álbuns para ouvir de fio a pavio.
Ia-me enganando.



Squalor Victoria [mp3]
Slow Show
[
mp3]

Mistaken for Strangers
[mp3]





VI

Disse que a cama de gato morreu. Não existe pertença no que se divide. A pertença não é grande construção. Cair no definitivo também não soa nada bem. As vontades mudam.

Prossigamos.


Afastava-se. O sol inundava-lhe, agora, todo o corpo. Formigava de emoção. Nem ansiedade, nem abandono, nem felicidade, nem transtorno, nada sentia que fosse para além daquele instante.

E, então, respondeu: deras-me liberdade, não teria para onde fugir.

Ensaio II



Sol LeWitt
COLOR & BLACK, 24X 24/3, 1991


Ensaio I



Anselm Kiefer
Isaac Abravanel: das Gastmahl des Levithan, 2004.
oil, emulsion, acrylic on canvas with lead boats.

Disperso entre sentimentos desconhecidos, o coração dispara perante o vazio absoluto da alma. Ofegante, levado por milhões de gotas que lhe cobrem o rosto, confunde-se no vazio e extingue-se.