Um comprimido para dormir ou uma bebida para adormecer?
Opto pela segunda.
O Porto em Julho costuma ser quente. Por hora, perto da alvorada, está morno. Desagradavelmente morno. Hesitantemente incoerente. Frívolo ao olhar mais impreciso.
A cidade está vazia. Permanentemente vazia. Alguns a habitam. Poucos a vivem. Os serviços que oferece são iguais, idênticos, aos que são oferecidos pelas cidades adjacentes. Por isso os objectos são arrecadados, nesses, outros espaços. Idênticos na incoerência mas de hábitos facilmente mecanizáveis. Mecanizados. Nada de mal com caso. É apenas uma precária distinção entre os subúrbios e o núcleo.
Arrabaldes. Matrizes idênticas sem lugar, profundo, na história. Construções sociais, recentes, pouco penetradas. Penetráveis. Terrenos conquistados a um outro ecossistema. Transformados, numerados, em mais uma peça idêntica a tantas outras. Habitado por gentes diferentes, que se fazem acompanhar por objectos distintos. Após a simbiose os hábitos serão os da moda, os do gosto que se incentiva, inculca, que por vezes se cria, em cada lugar. Espaços fechados, alguns, hermeticamente fechados. Nichos de espécies, colectivos, que não amam a diversidade. Copiáveis. Copiados. Lugares onde o individuo é a melhor das obras. Parte do todo. Partes. Não o todo.
O núcleo é, deve ser, um laboratório de vanguarda urbana. Todos os espaços urbanos o deveriam ser. Só alguns o podem ambicionar.
A história transmite o saber que advêm de outras vivências. Burilam-se pormenores tendo por base o conhecimento. Potencia-se a construção de espaços arriscadamente melhores, diversos, conectados por experiências, internas ou externas ao lugar, que sucedem num mesmo espaço, que se diferenciam no tempo. No meu tempo. No teu tempo. No nosso tempo. No vosso tempo. No tempo deles.
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2 comentários:
Ora diz-me o que estás a ler?
Lia, ainda à pouco, os teus escritos.
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