Tia Zulmira era uma mulher irrequieta. Na longevidade dos seus setenta e muitos anos fitava o desassossegado neto julgando-o perdido num lugar pós-moderno, mas órfão de modernidade. O puto, vadio, achava-se reguila e não era presa fácil para um grupo de avaliadores compulsivos. Lá, na E.B 2/3 da Lustrosa, as gentes eram esmeradas quando se aproximava o desfecho de mais um ciclo avaliativo. O afinco que demonstravam nesses momentos, mais imposto que devido, contrastava com a degradação pedagógica que assolava a loja no restante vazio. Mas para o puto, sólido repetente, nada disso interessava. Gostava era de jogar à bola, galar umas pitas e pintar os corredores da Lustrosa.
A vizinha Clotilde, senhora de recato, esperava muito da netinha. A pequena denotava algumas dificuldades de aprendizagem, mas nada que a avó não achasse que a comprovada dedicação da cachopa não compensasse.
O ano terminou. A miúda reprovou e o puto passou.
Os avaliadores já não suportavam mais os sucessivos desmandos que sofria, aquilo que deveria ser, a inquestionável autoridade. Visto que individualmente o iam reprovar, decidiram juntar-se para em uníssono o poderem aclamar.

Agora, passeia-se pelos pré-fabricados da Secundária da Lustrosa.

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