Repetição: contínua!



Far-lhe-ei um upgrade.


Foi há 10 anos que o álbum Mezzanine viu a luz. Viu este e mais uma mão cheia de bons álbuns. Calma! Não vou fazer nenhum resumo acerca dos melhores de há dez anos, porque a memória e o arquivo de então não ajudam, mas, já que falo nisso, encontrei um aqui *(a lista é interessante, contêm boa parte do essencial, mas não a subscrevo por inteiro, trocaria algumas…). Da diversidade fonográfica referenciada pretende-se, apenas e só, repescar sonoridades de Massive Attack. Digamos que neste ano de 2007 resolvi alimentar mais uma simbólica janela, pequena por sinal, com vista para a década passada.



E se aos dez somarmos dois…

__________________

* Pura coincidência é claro.

Working For a Nuclear Free City, Businessmen & Ghosts, 2007.


Da onda revivalista que vem atravessando o rock alternativo Working For a Nuclear Free City será, com pouca margem de dúvida, um dos florescimentos mais interessantes por entre as tendências alternativas britânicas.

Para quem conhece Happy Mondays, Ride, Stone Roses, ou Primal Scream, Working For a Nuclear Free City não irá soar de forma estranha, mas dificilmente não soará a novidade, porque o quarteto de Manchester faz-nos o favor de sumariar, sem deixar de reinventar, a estética sonora, shoegazing, típica dos finais dos anos oitenta e do início da década passada.



Depois de um primeiro álbum, homónimo, datado do ano passado, chegou, no final do Verão, Businessmen & Ghosts, proposta em formato duplo que inclui os temas do primeiro álbum e um segundo cd de novidades.

So
Para além das referências anteriormente enumeradas encontramos, sem ter de procurar muito, a presença da electrónica refinada e expansiva dos Air e laivos de um psicadelismo típico em Chemical Brothers.

Asleep at the wheel

A mistura é arrojada e o som consistente, num conjunto de pormenores que revitalizam uma atmosfera que julgava perdida nas prateleiras temporais da primeira metade dos anos noventa.


No seguimento da habilidade de fazer dos The New Pornographers o pretexto para falar e ouvir Swan Lake, pretende-se, agora, criar a ideia de que o tema central são os The Good the Bad and the Queen quando na verdade o desejo é relembrar Blur.
Que Damon Albarn nunca andou perdido na indústria musical ninguém terá dúvidas e que nessa mesma industria os Blur sem Graham Cox não mais voltaram a ser uma banda de roturas, também não deverá ser ideia merecedora de grande contestação.
Ora isto para dizer que The Good the Bad and the Queen, que lançaram o primeiro trabalho, homónimo, neste ano de 2007, são uma continuação da espinha dorsal criativa de Damon Albarn, os Blur, e onde tenta, num projecto com intervenientes galácticos, disfarçar a curva descendente de uma carreira que, de um ponto de vista criativo, se vem eclipsando desde o lançamento do álbum experimental 13 (1999), obra maior, onde reforçou a qualidade musical e a versatilidade estética, que o conduziram aos escaparates alternativos, num percurso apenas possível pelo trabalho conjunto do quarteto. [1]

Desse período ficam as memórias, do presente a certeza de que o quarteto, desfeito em 2002, já se vai encontrando para desfrutar dos prazeres dos lanches Londrinos e que o futuro dos The Good the Bad and the Queen deverá passar pela feitura da sua curta história.

De relevante permanecem os Blur:

Popscene [mp3]

Tender [mp3]

Out of time [mp3]



[1] E ainda temos os Gorillaz. Independentemente de ser um ponto a favor da versatilidade de Damon Albarn não é um ponto alto de criatividade. Muito show off e pouca musica…

The New Pornographers são um projecto de Vancouver, criado na segunda metade dos anos noventa (1997), com quatro álbuns lançados, e que viram crescer o número de mortais capazes de lhes reconhecer o nome após o lançamento de Twin Cinema (2005).
Despertaram-me a atenção, apenas no corrente ano, não pelas poucas musicas que lhes conhecia, mas pelo facto de Dan Bejar, membro dos interessantes Destroyer e dos excelentes Swan Lake fazer parte do projecto (nestes últimos na companhia de Spencer Krug dos, não menos interessantes, Sunset Rubdown e igualmente excelentes Wolf Parade).
O entrelaçar dos projectos, indie, que nos chegam do Canadá não fica por aqui, mas os por agora referidos são suficientes para concluir que o mais interessante nos The New Pornographers são, para além de algumas músicas, os projectos paralelos que alguns dos seus elementos mantêm, com rasgo criativo bem acima do evidenciado nos The New Pornographers.
Embora com álbum editado no passado mês de Agosto e ainda por escutar, ficam alguns temas de Twin Cinema e o desejo de ouvir músicas novas, para ontem, de Swan Lake e já agora Wolf Parade.
Em suma, um post onde os The New Pornographers são pretexto para chegar ao entrelaçado que verdadeiramente importa.

The New Pornographers - The bleeding heart show [mp3]
The New Pornographers - The bones of an idol [mp3]

[FlavinRed.jpg]

Vá-se lá entender…
Vá-se lá entender o que se teoriza, sem pestanejar, sem espaço a contraditório. Porque esse espaço, também, deve ser salvaguardado por quem teoriza.
Distorções de interpretações e sei lá mais o quê. Por vezes, fico espantado com o que, supostamente, construo mesmo não sabendo, na intenção, que o construí. Pena é que esse espanto, que deriva da suposta construção, da espécie de interpretação, nada traga de positivo.
Limitações de formação.
Razão tem o Agostinho « […] toda a nossa habilidade é tornar a ser crianças para ver como é que sai a cama de gato.»

__________________

21/11/07.

[Não se nega, nos parágrafos anteriores, a aptidão individual para interpretar, reinterpretar ou reinventar o observado, de forma singular. A crítica vai no sentido de achar, por exemplo, que o observado, ou pensado, por mim não é passível de ser interpretado da mesma forma por terceiros (nem o semelhante é igual). Também se critica, em casos de duvida, a tendência para um negativismo interpretativo que não me merece mais comentários.
É a minha perspectiva, singular, acerca do observado, dependente da minha experiência e passível de critica.
]

_________________

22/11/07.
Longe de preciosismos e para que não se desenvolva um processo de masturbação intelectual, dou por concluída a adição de palavras a este já extenso conjunto de frases. Mas não deixo de me abster de o intitular para, que acerca dele, não diminuam as probabilidades, criativas, de teorizar.

[Francis+Picabia.jpg]Francis Picabia


Prolegómeno para uma representação da representação.
Ou então,
fosse eu criativo,
desconstruía a alegoria e criava uma fábula.

Falácia

«Base de Dados de Conhecimento do Blogger[...]»

Caribou,

Andorra, 2007.

Melody day [mp3]

Radiohead

Depois do aguardado raiwbowns eis uma sessão para cibernauta ver com versões de New Order e Smiths.
Sempre dá para ouvir o Thom Yorke num registo diferente…


Ride

Desenganem-se os leitores que pensam que por aqui apenas passam coisas novas. Aqui fica a recordação de uma banda de referência no início dos anos 90. Desintegrou-se há muito, mas continua a influenciar as novas e velhas gerações que por aí andam a fazer música, nova! Mais ano menos ano reaparecem para uma daquelas reuniões que nos últimos tempos andam muito em voga. E estes bem que valiam a pena…


Resposta a uma modinha (terça-feira, Novembro 13, 2007).


Escolhi entre alguns que andam à mão. Trabalhos de ideias incontáveis num só parágrafo. Parágrafos de ideias inarráveis num só trabalho.
O excerto foi matematicamente retirado da página 161 (incluindo a 5ª linha) de O Ultramar Português no Século XIX (1834 – 1910), da autoria de Silva Rego [1] e editado pela Agência-Geral do Ultramar em 1966.
O parágrafo seguinte corresponde a uma citação do autor ao Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa [2]. Alínea onde fica patente um dos momentos (1876) de diversificação no estudo das ciências, em particular das geográficas que então tinham um carácter mais geral e aglutinador de saberes, no seio da então recém criada Sociedade de Geografia de Lisboa (1875).

«Na última sessão deste ano, realizada em 29 de Dezembro, criaram-se mais secções de estudo, presididas todas por eminentes homens de ciência: de náutica, de geografia matemática e física, de geografia médica, de antropologia e ciências naturais, de geografia politica, de etnologia e viagens e, finalmente, de geografia histórica e arqueologia.»



[1] Professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas Ultramarinas.

[2] Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, n.º 1, Dezembro de 1876, pp. 48-51.

.










Masato Nakamura




Allan McCollum