Estou farto do 000524.
Apenas o suporto por ser o último do dia, adio a viagem, mas é pela noite que esta se torna mais penosa e com ela a incomoda mudança de personagem. A espaços a ilusão é diferente.
Luzes brancas perfilam-se ao longo do corredor alimentando áreas onde se criam ambientes igualmente artificiais.
A tentativa de observar o exterior da carapaça metálica, através do vidro, revela o reflexo do interior, salpicado de focos de luz de cores variáveis que criam ou acrescentam movimento ao reflectido. Podemos definir o momento como se estivéssemos perante duas telas que criam a ilusão de um movimento paralelo, mas em direcções opostas, ilusão apenas possível porque o reflectido no vidro, ao contrário do observado através dele, integra um objecto em movimento.
Quando era pequeno gostava de brincar com comboios, mas nunca pela noite dentro, horas a fio, sem controlar a direcção e intensidade dos movimentos, nunca como passageiro, sim, esse boneco metálico ou de plástico que na melhor das hipóteses representa um número colorido que apenas está ali para acompanhar a nossa aventura.
Paragem em Pombal, são 22:15, olho o placar de informações que acrescenta mais um contributo à reflexão: “Hora prevista 21:54”.
O gato que viaja de frente para mim, a uma distância de três filas, permanece tranquilo, nada incomodado por se encontrar enclausurado numa jaula de plástico que delimita o seu espaço no interior da carapaça metálica. Estou certo que não tardará a adormecer.
<>20-02-06
Por aqui tudo bem. Estou longe de casa e há muito que lhe perdi os hábitos,o que não é propriamente mau, o problema é que não ganho melhores. Isto deve ser genético;ou me queixo do mal ou desconfio do bem. Perseguir a acção em vez de a criar nunca foi um bom princípio. O pior é esperar o tempo das soluções, são os piores momentos, esses que não podem ter um palmo de espaço por onde edificar. O único compromisso que posso assumir é o de mudar, sim, fazer por mudar. É que por vezes apenas depende de nós e nunca o tempo e o espaço o exigiram de forma tão intensa.
15-02-06
15-02-06
Out of Time
Where's the love song?
To set us free
Too many people down
Everything turning the wrong way around
And I don't know what love will be
But if we start dreaming now
Lord knows we'll never leave the clouds
And you've been so busy lately
that you haven't found the time
To open up your mind
And watch the world spinning gently out of time
Feel the sunshine on your face
It's in a computer now
Gone are the future, way out in space
Tell me I'm not dreaming but are we out of time?
(We're) out of time
“Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem”
Agostinho da Silva, Cartas a um jovem filósofo
Verdade...
Conhecemos uma, a nossa, fruto de análise e compreensão, alicerça-se, traduzindo uma ténue realidade.
Acreditamos?
Podemos estar no trilho da nossa verdade – histórica, pessoal – de interpretação individual ou colectiva, criamos a nossa ilusão, que apenas se extingue com a nossa existência, e com ela a visão da sua infinitude, no tempo e no espaço. Mas para sossego do espírito podemos acreditar que é apenas um produto do paradigma vigente.
O constatar de uma verdade – essa ilusão – é trespassada pela momentânea felicidade de quem cria, constrói uma teoria, usando o documento, o testemunho, a peça do puzzle que falta para fundamentar esse acrescento, de mais uma forma ao cenário, de mais uma cor à pintura.
E depois… cai, desaparece ou transforma-se. Erro de interpretação? Desconhecimento?
È resultado de uma evolução, às vezes, de compreensão indistinta. Sim. Essa evolução que resulta da indagação, por vezes procurada, de tempo inesperado, que representa a substituição de um aparente real.
E assim obtemos o reforço necessário para prosseguir a busca.
Depois da guerra-fria e do recente anúncio da candidatura de Manuel Luis Goucha, já em 2014, há Câmara Municipal de Sintra, o tema dos cartoons assume-se como o conflito diplomático do momento.
Já se aperceberam de que os cartoons podem ser arremessados a milhares de quilómetros?
É melhor começar a escavar a trincheira, pois... vamos assistir à maior troca de cromos da história.
Já se aperceberam de que os cartoons podem ser arremessados a milhares de quilómetros?
É melhor começar a escavar a trincheira, pois... vamos assistir à maior troca de cromos da história.
Cartografia I: Portugal não é um país pequeno
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