O arroz de quinze já era. Queremos é tudo o que tem aloé vera.

Num passado recente o político que cavava o infortúnio precisava de atravessar um deserto para regressar às lides politico-partidárias. Por estes dias o politico engenhoso mais não tem do que dar uma volta pela serra de Sintra, ou aproximar-se do sopé do Marão, para que a importância dos actos praticados se relativize. Aparentemente ausentes, mas longe de serem esquecidos.
Na realidade não estão, nem se vendem, ausentes. Os capatazes dizem que andam absorvidos por novos desafios, projectos e blá, blá, blá… para que pareçam empenhados no inevitável e desinteressados daquilo que mais desejam.
Isto para dizer que a sociedade em que vivemos parece cada vez mais permissiva ao erro que deriva da incompetência, da negligencia, de quem serve, ou se serve, da causa publica. Um país que teima em permanecer amnésico de ideias (caso existam não parecem ser alvo de divulgação), num presente enterrado em consumos, na loucura do spread e no saco de compras do vizinho que vai cheio de aloé vera. Tudo o que está para lá do ambicioso umbigo não é alvo de atenção. A visão castrada não lê conjuntos, não observa ciclos. Vivos, perdidos em movimentos de cor, na agitação das rotinas.
Talvez nos desejemos, permitamos, assim.
Para os milhões de cenários individuais são criados, forjados, líderes políticos, que vão e vêm com as suas mascaras de múltiplas cores. Embora cada vez mais visíveis no parecer permanecem imprecisos nas intenções.
È nestas alturas que vale a pena recordar a canção: «O que importa é saber onde raio se oculta o poder.»

2 comentários:

rita disse...

o meu palpite é que a "causa pública" deixou de o ser, ou melhor, é um conceito engraçado para se discutir em aulas e ciência política.
a res publica está transformada numa res do caciquezinho que se consegue instalar, e que dali não sai, dali ninguém o tira.
a partir daí, o que interessa é ter um relvado (figura retórica, também pode ser um plasma ou um carro) melhor que o do vizinho, e, na política, tirar a maior vantagem imediata que se conseguir para alcançar os objectivos próprios, ou transmitir a ideia de que com aquela pessoa no poder, os meus objectivos vão ser mais facilmente atingidos (com o menor esforço possível, óbvio), tentando fingir que não percebo que o político está a tirar muito mais vantagens que eu.
(isto fará sentido? este teu post era para ter comentários? qual de nós estará mais desiludido com este país? a única resposta que sei: quem tramou o roger foi o juiz.)

Midas disse...

Zelar pela causa pública é zelar pelo bem comum. Bem sei que pensar a aplicação prática da ideia pode parecer inocente, mas se não é para aplicar então que desapareça e que se invente algo viável. Bem sei dos interesses interligados e do diabo a quatro, mas existe massa cinzenta para mudar. Deve ser uma questão de consciência.
Perdidos na apatia e no facto de não querermos pensar em algo que afecta a nossa qualidade de vida... e lá nos deixamos levar no engodo.
Bom!
Prossigamos.