A Noite

.

Chegou... suave de descrição invulgar, nem sempre desejada, mas capaz de nos fazer partilhar na envolvência dos silêncios.
Aprecio-lhe a liberdade, a pontualidade inconsciente, a serenidade com que afaga a ideia.
Com cordialidade convida à viagem.
Nós?
Aceitamos ou não.
Escolhemos ficar subjugados ao dia ou viajar através dela.
Por vezes, aparece e pronto. Recria-te mortal, supera-te, quando a manhã chegar terás tudo o resto. Principalmente o que te faz desejar a noite.
O desafio é saber até quando somos capazes de lhe resistir. Não resistimos. Rendemo-nos perante a curiosidade que desperta no espírito. Janela que se vai abrindo, revelando formas por entre as sombras, em tonalidades que aqui e ali formalizam incondicionais divagações.
Se assistimos à sua partida lamentamos a fugaz passagem, porque lhe admiramos a intensidade.

Dezembro, 2005.

Van Gogh, Starry Night, 1889.

Sem comentários: