Reflexão II: somos cidadãos bem informados?

ALDEIA GLOBAL

Anda eufórica toda a gente com a era da informação
fechada em casa ligada à rede ou grudada à televisão
na vertigem das notícias em constante circulação
sempre mais e mais depressa tornou-se a grande obsessão


"é a aldeia global" - explicam num júbilo imbecil, prontos a desfilar o rosário de maravilhas dos novos tempos, sem discernirem que aldeia sempre foi o sinónimo de isolamento e conformismo, de mesquinhez, aborrecimento e mexerico e que, de qualquer modo, o que verdadeiramente importa se mantém secreto.

Do além-mar ou da máfia julgam que tudo se pode saber
econonomia ou política ? O difícil é o escolher
crimes de sangue relatos de amor são mais fáceis de perceber

"é a aldeia global" - explicam num júbilo imbecil, prontos a desfilar o rosário de últimos acontecimentos, sem discernirem que, contrariamente ao mundo observado directamente, em que a relação com o real é absoluta, estão a consumir meros resumos simplificados da realidade, manipulados num fluxo de imagens de que são simples espectadores e cuja escolha, cadência e direcção não controlam nem têm possibilidade de verificar a veracidade e em que, finalmente, no frenesim meticulosamente planeado de dados surpreendentes, o que verdadeiramente importa se mantém secreto.
O que importa é saber onde raio se oculta o poder.

[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

1 comentário:

Anónimo disse...

Penso que não somos cidadãos, na verdadeira acepção da palavra.Cidadão é aquele que participa efectivamente da vida pública. são muitos os que "fazem parte" e poucos os que "participam".
Informados? Aparentemente, como bem revela o seu texto. O espectáculo «meticulosamente preparado» não mostra o essencial. talvez seja necessário renovar a máxima «saber é poder». aquele e aquela que conseguir desenvolver os instrumentos necessários para interpretar/desvelar o que está por trás do espectáculo explorador, da imagem ofuscante, esse e essa, serão cidadãos informados. Actores e não meros espectadores consumistas.
Escolhe-se o crime de sangue, mas não se pensa a Morte. escolhe-se o relato de amor, mas não se pensa o Amor.
A sociedade da informação trouxe beneficios, como este, de estarmos aqui, a trocar ideias sem nos conhecermos, mas criou outros mitos....