A importancia do directo

Ontem, na RTP, não deixei de reter o destaque dado a uma suposta fuga de gás em Lisboa e não deixei de estranhar que a moção de censura apresentada na Assembleia da Republica tivesse sido notícia de segunda linha. Que o sensacionalismo da televisão pública cresce à voracidade da luz já é dado adquirido. Fazer directos atrás de um gás em fuga, que andou a atacar em parte incerta, numa clara manobra de desviar atenções do assunto politico do dia, é que parece ser um avanço excessivamente descarado.
Tão dignificante momento televisivo deve integrar o conjunto das experiências imprescindíveis para o bom entendimento popular de futuras reformas protodemocraticas.

21 comentários:

r disse...

Fiquei sem fôlego a ler este texto.
Deixa, cada um escreve como lhe der na real gana.
Jovem, o gás é incolor como é que querias que a malta o visse?

Ricardo Revez disse...

A conspiração continua...
Ta na na na, ta na na na...
:D

rita disse...

não percebo o teu espanto, é o país que temos... uma fuga de gás é muito mais relevante para a continuação da vida das pessoas que por ali passam, que uma moção de censura para a vida de todos nós.
mas o que é mesmo divertido, é que me pareceu ouvir que afinal era um enxofre, o que faz muito mais sentido, atendendo ao inferno em que este país se transforma.

Midas disse...

Teoria da conspiração.

Ainda ninguém me convenceu de que aquele momento noticioso, desproporcionado, não teve relação directa com o sucedido na assembleia. É bem verdade que a dita moção estava condenada à partida, mas este tipo de iniciativas fazem sempre mossa.
A solução passa por privatizar os canais públicos. O serviço público passaria a ser feito em todos os canais através da compra de tempo para emitir as acções públicas.
Na presente versão os canais públicos são, e continuarão a ser, instrumento da propaganda governamental. O resto, o que dilui o essencial, é a chupeta de sempre.

r disse...

Tu acreditas que eu até deixei de viver, pelo facto de não fazer a mínima ideia do que estás a dizer?

r disse...

Estava a reinar, jovem midas.
achas? privatizar?
descobriste a pólvora na Invicta, não? a tv, dita, pública, serve o discurso/programa da política oficial, como sabes, não é? intercala-a com a desgraça dos pobres e/ou sensacionalismos bem piores do que fugas de gás.
a tv, dita, privada, serve o discurso/programa da política oficial naqueles aspectos que, por outro lado, servem os seus próprios interesses (desses canais), tudo intercalado com as mesmas palhaçadas. olha, há outra Madalena para vender.
Ambas (pública e privada) são ópio na ponta da chupeta.
grandes descobertas que estamos aqui a fazer.

r disse...

«através da compra de tempo para emitir as acções públicas.»

como assim?

Midas disse...

1.º Agradecido pelo esclarecimento. Estava a precisar.

2.º Dei um exemplo concreto, curiosidade portanto.

3.º Lançei um ponto de vista, um exemplo, para racionalizar custos públicos.

Lamento não contribuir para grandes esclarecimentos ou descobertas.

Midas disse...

Tempo de emissão. Os canais vendem e as entidades interessadas adquirem.

Luís Leite disse...

"Temos os jornais que merecemos" Eça de Queirós, in Maias

r disse...

midas, aguenta aí, que já te dou a importãncia merecida.

Luís Leite disse...

Quanto à privatização do serviço público, discordo. Apenas concordo que a nomeação da admnistração da rtp fosse feita de outra forma, para que fosse mais livre,garantindo assim a inexistência de pressões internas, o que não acontece. Mas se queres privatizar, arriscas-te a ter uma outra tvi com programas de merda.

r disse...

Luís (com acento, viu?) gostei do Eça, mas deixe-me dizer-lhe:
espero que não esteja a aprender para jornalista de fazer os jornais que merecemos. Escreva para de-sinstalar e verá que o pessoal se habitua. Leva o seu tempo, mas...
Beijinhos

r disse...

Futuro Dr. Peixoto, a TVI, preenche as vidas vazias de muitos portugueses e portuguesas, alimenta-os, cuida-lhes a inocuidade do (suposto)pensamento, abstrai-os da dureza servil das suas (próprias)vidas, distancia-os das suas (próprias) existências. É uma espécie de mãe, daquelas parvalhonas que não educam para a autonomia.

(Estou brincando, Luís)

A propósito de escrita jornalística, tem dado devido uso ao violoncelo?

r disse...

Midas, fiquei com sono.
O espaço público e o espaço privado que gosto de discutir, não é a questão da televisão. Eu quase nem vejo televisão.

Midas disse...

Será mais o que permitimos e menos o que merecemos. Claro que a televisão não nos dá os instrumentos para que a possamos criticar. Essa utensilagem adquire-se tendo por base outras fontes.
Sou favorável a que se privatize a televisão pública, por entender que o Estado não deve ter interferência no mercado, negócio, da comunicação. O Estado deveria limitar-se a regular e fiscalizar.

r disse...

Privatize-se imediatamente a tV. Os canais que vendam e as entidades interessadas que comprem (até a banca pode ganhar, neste negócio...). O midas quer, faz-se!
Eu prefiro o tempo doando, exactmente por isso me vou... já a seguir

Midas disse...

Opinião, foi uma opinião.

r disse...

Boa tarde.
Opinião a pensar...
agora não, que tenho imensas concretudes da vida para me desgastar.
voltarei.

Luís Leite disse...

Os jornalistas, a maior parte deles são pessoas que apenas fazem o que lhes mandam fazer, sem ideias próprias, e que sem darem por isso, são instrumentos de manipulação da economia.
Midas, sou a favor dos serviços públicos, porque não é com privatizações que se consegue agir no campo social, muito fragilizado em Portugal. Se o estado se limitar a regular e fiscalizar, esse estado deixa de existir, não faz sentido em termos estratégicos!

O violoncelo anda bem, mas, nos últimos dias não tem escrito muito.

Midas disse...

Luís,
o meu cepticismo é maior do que o teu em relação ao desempenho da função jornalística. Inconscientes da manipulação? Não me parece. Fazem o que lhes mandam? Sim (caso contrário os poderes que os promovem podem deixar de o fazer). Será, certamente, mais fácil e rentável fazer um jornalismo alinhado com aqueles que detêm poder, dinheiro, para decidir.
Lutar contra a corrente, por princípios, tem custos. A nossa consciência não se compra, mas distrai-se. Os sound bites que diariamente nos moldam formas supérfluas, corroem, adiam-nos irremediavelmente. Sabes, o que mais me desgosta no contexto jornalístico nacional é a total ausência de missão, princípios, por parte de quem se move para fazer ruído, mas que não mexer em nada. Mais uma classe, bem, instalada (acredito nas excepções, existem, mas insuficientes para alterar o rumo). Satisfeitos e recompensados «na servil condição de demanda», pelo pensar manipulado e por aí fora (panorama transversal a outras funções) … Perante tal cenário o que fazer? Façamos a nossa parte de acordo com a nossa consciência.

Quanto à questão das funções do Estado digo-te o seguinte.
Talvez fosse um bom princípio um Estado, macrocéfalo, reorganizado e dedicado ao que referi no comentário anterior. Não esqueças que a regulação e fiscalização pode e deve ser parte essencial do poder, efectivo, estratégico do Estado. Apenas não se sente porque, por cá, nada se pretende mudar. Uma entidade que partilha, por vezes monopoliza, o mercado, detêm o poder para lhe alterar e fiscalizar as regras!
Um Estado interventivo! Sim, na definição das politicas de saúde, na acção educativa, segurança social e obras publicas. Não encontro problema em que gradualmente boa parte destes sectores cedam terreno à acção privada. As regras, essas, são impostas pelo Estado, a fiscalização implacável e fortemente penalizadora. Para defender os seus interesses o Estado não tem que fazer parte do mercado. Deve regula-lo. Concentração de recursos e não o continuar de uma dispersão de meios que apenas serve de sustento aos de sempre. Falo-te de ideias para este rectângulo.
Não reconheço o caminho do desenvolvimento na esmola como compensação do protesto, o protesto que reivindica a esmola, a critica em defesa do situacionismo, a cedência fácil aos vorazes lobbies, e tudo o mais, que certamente conheces e que me tomaria horas de escrita…
EDUCAÇÃO! Talvez nesse dia acredite que caminhamos para longe das trevas do betão. Dos patrões corruptos que têm mais valias astronómicas e que mantêm os funcionários a receber a miséria que esse Estado, dito social, obriga, etc., etc., etc… Mas, sabes, isso não interessa. Nunca nenhuma elite, instalada, fez revolução alguma.
Que país, revolucionário, é este que mantém sempre as mesmas elites no poder? Que revoluções são essas? Levamos séculos de acções forçadas por motivos externos. Mudanças impostas por outras realidades sociais. Uma sociedade instalada para servir e ser servida. Ideias de mudança ao nível da coesão ou desenvolvimento social! Certamente que existem, mas não são para aplicar, nem interessa.

Somos produto da interacção do meio físico e social em que vivemos, andamos (fazem-nos) esquecidos é do poder que temos para o influenciar. Embora no século XXI, vivemos enclausurados numa espécie de determinismo que julgamos possibilista. Um possibilismo viciado…