Já percebo, um pouco melhor, porque rareiam os intelectuais na política portuguesa.

«O intelectual constitui-se como tal intervindo no campo político em nome da autonomia e dos valores específicos de um campo de produção cultural que alcançou um elevado grau de independência perante os poderes (e não, como o homem politico detentor de um forte capital cultural, na base de uma autoridade propriamente politica, adquirida ao preço de uma renuncia à carreira e aos valores intelectuais). […] Encerrado na sua ordem própria, apoiando-se nos valores próprios de liberdade, de desinteresse, de justiça, que excluem quem possa abdicar da sua autoridade e da sua responsabilidade específicas em troca de ganhos ou poderes temporais necessariamente desvalorizados, o intelectual afirma-se, contra as leis específicas da política, as da Realpolitik e da razão de Estado, como defensor de princípios universais que não são mais do que o produto da universalização dos princípios específicos do seu universo próprio.»

Pierre Bourdieu

1 comentário:

Ricardo Revez disse...

Eu diria mesmo: ainda existem intelectuais no verdadeiro sentido da palavra?