"Abortar como opção quando já bate um coração?"

Esta é uma interrogação que podemos observar em alguns outdoors. Conotada com o não à despenalização à interrupção voluntária da gravidez, revela-se como apelo a um moralismo que parece querer conduzir a uma qualquer segregação. Para além do julgamento sumário que faz dos partidários do sim, atribui à sociedade portuguesa o papel da irresponsabilidade e da falta de bom senso, como se fossemos incapazes de decidir, de uma forma livre e responsável, as situações em que deve ser praticada a interrupção voluntária da gravidez.
Assim sendo, para o não, nada melhor do que nos submeter ao jugo de uma lei restritiva. Nada melhor que colocar a lei acima da consciência individual.
Mas nesta questão que colocam, a todos, nas ruas, demonstram pouca honestidade intelectual ao distorcer o termo opção, atribuindo-lhe uma conotação negativa como se optar fosse um acto de leviandade.
Como pode ser perniciosa a apropriação dos conceitos.
Porém, esquecem-se de que não existe verdadeira responsabilidade se esta não derivar de uma vontade, colocada em prática através de uma livre escolha.

1 comentário:

rita disse...

tenho de prestar atenção, acho que PDL ainda não está muito enfeitada com outdoors... mas posso ser eu que ando distraída.
de qualquer das maneiras, esta parece-me uma manobra básica: tentar culpabilizar a sociedade como um todo e despertar os seus instintos mais moralistas. não queremos cá nada de liberalismos, de cabecinhas a pensarem por si próprias e a tomarem decisões que nos podem envergonhar a todos... isso é que era bom! (ou não)

ah! e ando a pensar no teu desafio, a ver se tenho disponibilidade para uma coisa séria, mas não faço promessas.