Por entre cadeiras desordenadas, uma mesa. A um canto enquadram-se, sobre a folha de papel, uma vela gasta e um cinzeiro vazio em que repousa uma caneta. Na presença do cheiro acético da tinta relembro a pergunta.
O que é feito da escrita?
As coisas acontecem, sucedem e a gente aproveita ou não. Há um jogo de meninos que, em Portugal, se chama cama de gato (...) eu acho que na vida o que há, é um jogo perpétuo de crianças com a cama de gato, que a vida vem de vez em quando e apresenta-nos o problema, olhamos e vemos como havemos de tirar, depois metemos os dedos, fazemos assim e sai outra coisa. È que toda a nossa habilidade é tornar a ser crianças para ver como é que sai a cama de gato. Agostinho da Silva